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Editora: Monica Flávia Imroth Colaboradoras: Juliana Vargas e Renata Cassitas Mendonça

Introdução

Introdução

Tratamento da sífilis, século XVII. Fonte:http://palavradofingidor.blogspot.com

A sífilis é considerada uma doença antiga, com mais de 500 anos de existência. A presença da doença na Europa, logo após o descobrimento da América, mistura-se com relatos da ocorrência da doença no velho continente anteriormente às viagens de Cristovão Colombo ao novo mundo. Diz- se que a introdução da sífilis na Europa ocorreu através de Colombo e seus marinheiros. Após a década 1940, com o surgimento da penicilina, achou-se que a doença desapareceria, entretanto, embora a penicilina seja uma droga com grande eficácia contra o Treponema pallidum, a doença continua atingindo milhares de pessoas. A penicilina é um tratamento de baixo custo, mesmo assim a doença vem-se mantendo como um problema de saúde pública até dos dias atuais. Em 1960, as mudanças ocorridas no comportamento sexual da sociedade e o advento da pílula anticoncepcional fizeram com que o número de casos de sífilis aumentasse. Nos fins dos anos 70, com o surgimento da AIDS, houve uma mudança no quadro das doenças sexualmente transmissíveis (DST’s). A sífilis começou então a ser vista como um facilitador na transmissão do vírus HIV, isto fez com que o interesse pela doença aumentasse bem como estratégias para o seu controle. A bactéria causadora da sífilis (Treponema pallidum) foi descoberta em 1905, por Fritz Richard Schaudinn e Paul Erich Hoffman. Antes, o treponema era chamado de Spirochaeta pallida. O Treponema pallidum multiplica-se por fissão binária a cada 32 a 36 horas. É um patógeno exclusivo do ser humano. Não sobrevive muito tempo no ambiente, é destruído pelo calor e pela falta de umidade.


Epidemiologia

No Brasil, foram notificados 843 300 casos de sífilis em 2003. A sífilis não é uma doença de notificação compulsória, isto é, para cada novo caso da doença não é necessário que se notifique as autoridades de controle sanitário. Nos Estados Unidos, no ano de 2004, os casos de sífilis aumentaram de 11,2%, passando de 7.177 em 2003 para 7.980 casos.


Transmissão e Manifestações Clínicas

A transmissão da sífilis é geralmente via sexual, denominada de sífilis adquirida ou verticalmente (mãe > bebê), chamada de sífilis congênita. A doença é adquirida quando há contato com as lesões de indivíduos infectados durante o contato sexual, na maioria dos casos. Sendo assim, o treponema penetra no organismo, por pequenas “rachaduras” decorrentes pelo contato sexual, depois disso o treponema vai para o sistema linfático e depois para o sangue. Quando no sangue, pode atingir as várias partes do corpo. O risco por transmissão sexual foi estimado em 60% dos casos. Existem outras formas de transmissão, porém mais raras, como por via indireta (objetos contaminados, tatuagem) ou por transfusão sanguínea. As manifestações clínicas da doença são divididas em sífilis primária, secundária e terciária. Cada período possui características clínicas, imunológicas e histopatológicas diferentes. E também temos a divisão em sífilis recente (que engloba a sífilis primária e secundária), onde o diagnostico é feito até um ano após a infecção e sífilis tardia (sífilis terciária), quando o diagnóstico é realizado após um ano da infecção.

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Lesão Primária - Fonte: http://www.vivatranquilo.com.br

Sífilis primária: neste período, a lesão específica que muitas vezes pode ser assintomática, é o cancro duro, que surge no local da inoculação do treponema em média três semanas após a infecção. Começa como uma pápula de cor rósea, evoluindo para um vermelho mais intenso e exulceração (“uma erosão na pele”). O cancro geralmente é indolor, único e praticamente sem manifestações inflamatórias. Em 90% a 95% dos casos, localiza-se na região genital. No homem, a localização do cancro é mais comum no prepúcio e na abertura da uretra.

Na mulher é geralmente vista nos pequenos lábios, parede vaginal e colo uterino. Quando é uma lesão interna, como no caso da mulher, dificulta muito o diagnóstico, por isso o acompanhamento de rotina pelo ginecologista em mulheres sexualmente ativas é de extrema importância. A lesão primária da sífilis é muito contagiosa. O cancro desaparece espontaneamente num período que varia de quatro a cinco semanas e não deixa nenhuma cicatriz.

Sífilis secundária: a doença pode entrar novamente em atividade depois de um período de latência (“adormecida”)

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Lesão Secundária - Fonte: http://www.vivatranquilo.com.br

que pode ser de seis a oito semanas. Agora, será afetada a pele e os órgãos internos, devido à disseminação pelo organismo como um todo do treponema. As lesões cutâneas (de pele), denominadas sifílides geralmente têm duração efêmera, isto é, desaparecem e reaparecem. As lesões podem apresentar-se sob forma de máculas (roséola sifilítica). As regiões plantares e palmares são acometidas, sendo esta uma característica comum na sífilis secundária.

As pápulas, na face, costumam-se localizar ao redor do nariz e da boca. Na mucosa oral, podem aparecer lesões de cor esbranquiçadas, que também são contagiosas. A alopecia (perda de cabelos) também pode aparecer em alguns pacientes. Pode também ocorrer a perda de cílios e sobrancelhas.

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Lesão Terciária - Fonte: Fonte: http:// www.profjonatas.blogspot.com

Sífilis terciária: nesta fase, os indivíduos com a doença desenvolvem lesões na pele, mucosas e podem envolver o sistema cardiovascular e nervo. A lesão característica da sífilis terciária é a formação de granulomas destrutivos (gomas). Os ossos, músculos e figado também podem ser afetados.

Neurossífilis: o Treponema Pallidum pode invadir também o cérebro, mais especificamente as meninges (camadas mais externas que protegem o cérebro). Ocorre geralmente de 12 a 18 meses após a infecção, porém, em 70% dos casos ela desaparece, mesmo sem tratamento. Caso a infecção seja persistente, surge então o quadro da neurossífilis que pode ser sintomática ou assintomática.

Sífilis congênita: ocorre através da disseminação do Treponema pallidum através do sangue da gestante que não

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Sífilis Congênita - Fonte http:// www.infectologiahoy.com.ar

foi tratada ou não recebeu um tratamento adequado. A mãe passa a doença para o seu filho através da placenta. Em qualquer fase da gestação poderá ocorrer a transmissão e em qualquer período da doença, as chances de transmissão são de 50% a 100% na sífilis primária e secundária. Também poderá ocorrer a transmissão no momento do parto. Ocorrendo o quadro de sífilis congênita, 40% dos casos podem evoluir para aborto espontâneo e óbito perinatal.

A sífilis congênita pode ser previamente evitada se a gestante estiver fazendo um pré-natal de qualidade, pois caso constatado a infecção por treponema na mãe, existe tratamento durante a gravidez, diminuindo assim as chances do bebê tornar-se doente.


Diagnóstico

O diagnostico é feito através de achados clínicos e de exames laboratoriais. Exame bacteriológico: na sífilis primária (material recolhido do cancro duro), na sífilis secundária, nas lesões pápulo-erosivas. Exame sorológico: na sífilis secundária e terciária. Diagnóstico da infecção fetal: 1)detecção do treponema no liquido amniótico ou no sangue fetal pela PCR. 2) alterações ultra-sonográficas fetais: ascite, hepatomegalia, esplenomegalia, edema placentário, restrição de crescimento do feto.


Tratamento e Prevenção

O tratamento é simples e barato e baseia-se em administrar doses de penicilina de acordo com o estágio da doença. Deve destacar a importância de educação sexual como meio principal de prevenção da sífilis. O uso de preservativos é o método mais seguro para reduzir a chance de contrair a sífilis e também e também outras doenças sexualmente transmissíveis.


Referências Bibliográficas

AVELLEIRA JCR, BOTTINO G. Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle. An Bras Dermatol. 2006; 81(2) – 111-26. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abd/v81n2/v81n02a02.pdf >. Acesso em: 24 de novembro de 2010.

SARACENI V. A sífilis, a gravidez e a sífilis. 2005. Disponível em: < http:// www.saude.rio.rj.gov.br/media/dstaids_sifilis_e_gravidez.pdf>. Acesso em: 26 de novembro de 2010.

KOMKA M, LAGO E. Sífilis congênita: notificação e realidade. Scientia Medica, Porto Alegre, v.17, n.4, p.205-211, out./dez.2007. Disponível em:<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/scientiamedica/article/viewFile/2115/2630>. Acesso em: 24 de novembro de 2010.

Sífilis congênita e sífilis na gestação. Rev Saúde Publica 2008;42(4):768-72. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/abd/v81n2/v81n02a02.pdf>. Acesso em: 25 de novembro de 2010.


Links Relacionados

Site do CDC: Center of Diseases Control - [1]

Página do Governo dedicada à doença - [2]

Liga de Combate à Sífilis e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis - [3]

Manual de Bolso sobre a sífilis congênita - [4]

Site dedicado à doença criado pelo Governo - [5]

Site sobre AIDS e Doenças Sexualmente Transmissíveis - [6]

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