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Autor: Brenno Giovanni Hernando Vidotti

Colaboradores: Ana Paula da Silva Maganhoto e Rômulo Gomes Fontanella


A insônia é a dificuldade de iniciar ou manter o sono por em quantidade suficiente para recomposição física e psíquica. É um sintoma que pode ocorrer isoladamente ou acompanhar uma doença. A importância deste sintoma está na freqüência com que aparece na população. A depressão e ansiedade, prevalentes na sociedade, são condições que muito influenciam no sono do paciente. Por tratar-se na maioria das vezes de um sintoma e não de uma doença, a gravidade da insônia abrange a causa básica, a freqüência e duração do sintoma e também o prejuízo causado no desempenho e no bem-estar do paciente durante sua rotina. O sono é um estado regular, recorrente e facilmente reversível, caracterizado por uma relativa quietude e grande elevação no limiar de resposta a estímulos externos em comparação com o estado de vigília. É formado por dois estados fisiológicos: sono de movimentos oculares não rápidos (NREM) e sono de movimentos oculares rápidos (REM). O sono REM é um tipo diverso de sono caracterizado por alta atividade cerebral e níveis de atividades fisiológicas semelhantes ao do indivíduo acordado. A fisiopatologia da insônia baseia em um fator predisponente, precipitante ou perpetuante:

  • Fatores predisponentes são os fatores de risco como o estresse da vida diária, perdas, doenças e mudanças ambientais.
  • Se a insônia for transitória ou de curta duração, geralmente se identifica um fator precipitante, que está intimamente relacionado com o sintoma e pode ter ocorrido muito tempo antes de seu aparecimento.
  • Fatores perpetuantes dizem respeito às expectativas que não correspondem à realidade, como o medo de dormir, hábitos errôneos em relação ao sono e conseqüências da própria insônia, fatos que exacerbam o estado de hiperalerta.

Existem fortes evidências de alterações neurobiológicas em paciente com insônia primária, que é a dificuldade para iniciar ou manter o sono ou sono não reparador, em que ocorre um aumento na atividade cortical manifestada no eletroencefalograma, um aumento da taxa metabólica, da freqüência cardíaca e do tônus simpático, reduzindo a qualidade do sono. A prevalência de insônia na população é de cerca de 20% a 50%, já a insônia crônica tem uma prevalência de aproximadamente 10%.

Fatores de risco

  • Sexo feminino
  • Idade avançada
  • Transtornos mentais
  • Doenças clínicas
  • Rotina de trabalho
  • Má higiene do sono ( hábitos impróprios para uma boa noite de sono, como por exemplo, comer ou ingestão de bebidas alcoólicas)

Classificação da Insônia

1. Insônia associada a transtornos do sono:

1.1. Transtornos respiratórios, como apnéias, hiponéias e aumento da resistência das vias aéreas. Essas situações provocam despertares e sono “superficial”;

Figura1BrennoV

Fonte: http://www.drpereira.com.br/aos.htm

1.2. Transtorno dos movimentos periódicos dos membros (também conhecido como episódios repetitivos de movimentos), que provocam queixas de insônia e sono de má qualidade;

1.3. Síndrome das pernas inquietas (desconforto dos membros inferiores antes de iniciar o sono)

1.4. Bruxismo (que é o ranger os dentes durante o sono): acarretam em um sono de má qualidade, fadiga e dores orofaciais;

1.5. Parassonias, como o sonambulismo e o terror noturno, que provocam alteração do sono REM

2. Insônia associada a fatores ambientais e higiene do sono inadequada:

2.1. Temperatura do quarto, ruídos, luminosidade, assistir TV e ler antes de dormir, ingestão de bebidas alcoólicas. Todas essas situações podem contribuir para a má qualidade do sono.

3. Insônia associada a problemas psiquiátricos:

3.1. Transtornos de humor

3.2. Transtornos de ansiedade generalizada

3.3. Transtorno psicótico

3.4. Transtorno de personalidade e de dependência química

4. Insônia associada a transtornos neurológicos

4.1. Demências (Alzheimer, demência por corpúsculo de Lewy)

4.2. Doenças cerebrovasculares

4.3. Insônia familiar fatal

4.4. Cefaléias, epilepsias e traumatismos cranioencefálicos

4.5. Doenças do sistema nervoso periférico e miopatias

5. Insônia associada a outras doenças

5.1. Doenças da tireóide

5.2. Isquemia cardíaca noturna

5.3. DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica)

5.4. Doença do refluxo gastroesofágico

5.5. Fibromialgia e outras doenças reumatológicas

5.6. Neoplasias

5.7. SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida)

6. Insônia associada a uso de substâncias

6.1. Estimulantes do Sistema Nervoso Central, como a efedrina e anfetaminas, que causam aumento da latência do sono e diminuição do tempo real dele;

6.2. Anti-hipertensivos (como beta-bloqueadores e agonistas de receptor α₂), que causam aumento de despertares, redução do sono REM e pesadelos;

6.3. Antidepressivos (como a sertralina e fluoxetina), que causam aumento de despertares, diminuição do sono REM, aumento da latência REM, aumento do movimento dos membros e bruxismo

6.4. Benzodiazepínicos e fenobarbital

7. Insônia associada a transtornos circadianos

7.1. Necessidade de dormir em horários não fisiológicos;

8. Insônia psicofisiológica ou primária

8.1. Paciente tem dificuldade de dormir e de manter o sono, porém pode adormecer em outras situações monótonas;

9. Insônia idiopática

9.1. Anormalidade do controle neurológico do sistema vigília-sono. Normalmente se inicia na infância ou decorrer de doenças pulmonares, asma brônquica, doenças reumatológicas, cardíacas, doenças do refluxo gastroesofágico, fibromialgia, entre outras.

10. Má percepção do estado de sono

Conseqüências geradas pela insônia

  • Irritabilidade
  • Alteração de humor
  • Redução do desempenho profissional
  • Dificuldade de relacionamento interpessoal
  • Alteração de concentração e memória
  • Fadiga
  • Sonolência diurna

Além disso, podem levar a algumas complicações, como:

Figura2BrennoV.

Fonte: http://www.guiadosono.com/

Diagnóstico e Exames

Actigrafia

http://centrodosono.com/home

Por possuir um diagnóstico principalmente clínico, são poucos os exames laboratoriais existentes. O uso desses exames só é indicado em suspeitas de transtornos intrínsecos do sono, movimentos periódicos dos membros, doenças psiquiátricas e neurológicas, fibromialgia e má percepção do estado do sono. O exame mais comum é a polissonografia que se baseia na monitorização dos parâmetros durante o sono. Além desse exame, há outros, como o diário de sono, onde, como o próprio nome diz, baseia-se em um relato detalhado de toda a rotina durante o sono. Por exemplo: horário de ir para cama, latência estimada para o sono, despertares durante a noite, e assim por diante. Alguns exames bioquímicos também são úteis, como o hemograma, glicemia e exames para função tireoidiana. Um exame não tão conhecido, mas de grande valia, é a actigrafia, que se baseia na monitorizarão do grau de atividade e repouso do paciente em 24 horas.

Tratamento

Arquivo:Insônia dicas para dormir melhor

http://www.youtube.com/watch?v=tZm4w56Ybd0

Instruções de higiene do sono, incorporação de hábitos adequados a promoção do sono e instruções de controle de estímulos para eliminação ou substituição de comportamentos que possa prejudicar ele, são algumas formas de tratamento não farmacológico que o paciente pode tornar hábito para melhorar sua noite de sono. São dicas para uma boa noite de sono:

  • Restrição do tempo de sono;
  • Estabelecimento de horários regulares de sono;
  • Não ir para cama para tentar dormir sem sono;
  • Não passar o dia preocupando-se com o sono;
  • Não ficar controlando o passar das horas no relógio;

Existem técnicas de relaxamento e técnicas cognitivas que ajudam os pacientes com insônia a superar este sintoma, afinal, uma noite mal dormida compromete toda a rotina, pondo muitas vezes em risco o paciente.

Referências

• MONTI, Jaime M. Insônia primária: diagnóstico diferencial e tratamento. Rev. Bras. Psiquiatria, São Paulo, v. 22, n. 1, Mar. 2000

• www.sono.org.br/pdf/2003%20Poyares%20Rev%20Bras%20Med.pdf

• www.ic.unicamp.br/~wainer/cursos/2s2008/ia/pdf_consenso.pdf

• www.pediatriasaopaulo.usp.br/upload/pdf/553.pdf

• www.psicologia.com.pt/artigos/textos/AOP0125.PDF

• www.antoniosproesser.med.br/download/sono.pdf

Links Relacionados

1- Clínica do Sono [1]

2- Instituto do Sono [2]

3- Journal Sleep [3]

4- Sociedade Brasileira de Profissionais em Pesquisa Clínica [4]

5- American Academy of Sleep Medicine [5]

6- ABC da Saúde [6]

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