Editor: Isabela Manzano
Colaboradores: Raphael Machado Reali e Thiago Moreira Heusi
Introdução
A audição faz parte dos cinco sentidos dos seres humanos. Ela é a responsável pela capacidade de reconhecimento do som emitido pelo ambiente. O órgão da audição é o ouvido, e este é dividido funcionalmente em três porções: o ouvido externo, o ouvido médio e o ouvido interno. As estruturas que compõem o ouvido são importantes para a captação e encaminhamento do som e sua posterior interpretação pelo cérebro. A seguir estão listadas as estruturas do ouvido e suas funções que nos permitem ouvir os sons emitidos por nós, pelas outras pessoas e pelo próprio ambiente.
Quais as estruturas responsáveis pela audição?
Orelha Externa
É constituída pelo pavilhão auditivo (antigamente chamado de orelha) e pelo canal auditivo externo, que chega até o tímpano.
A orelha externa tem a função de coletar e encaminhar as ondas sonoras até a orelha média, além de amplificar o som, auxiliar na localização da fonte sonora e proteger as orelhas média e interna. A orelha externa auxilia na proteção do tímpano (membrana timpânica), pelo fato de manter um equilíbrio entre a temperatura e umidade, necessários para a preservação da elasticidade da membrana do tímpano.
Orelha Média
A orelha média é separada da orelha média pela membrana do tímpano. A orelha média é uma estrutura que contém ar, composta por três pequenos ossos e se comunica com a nasofaringe pela tuba auditiva. A função da comunicação da orelha média e a nasofaringe é a de igualar a pressão da orelha média com a pressão na boca (a pressão da boca é igual à pressão atmosférica). Assim nos dois lados da membrana timpânica tem-se a mesma pressão e, portanto, uma melhor condição para vibrar em resposta a um som.
Os três pequenos ossos (denominados de ossículos) situados na orelha média são: o martelo, a bigorna e o estribo. O cabo do martelo está fixado ao centro da membrana timpânica e é empurrado pelas vibrações desta. Na sua outra extremidade o martelo está ligado à bigorna por meio de pequenos ligamentos, assim quando o martelo se move a bigorna se move juntamente com ele. A outra extremidade da bigorna se articula com o cabo do estribo e a extremidade posterior do estribo se insere na janela oval, a qual compõe a cóclea (uma parte do ouvido interno). Os três ossículos funcionam como uma alavanca e conduzem as ondas sonoras até a cóclea.
Há dois pequenos músculos que se inserem nos ossículos da orelha média. O tensor do tímpano ou músculo do martelo, como o próprio nome já diz, está inserido no martelo e é o responsável por manter a membrana do tímpano sob estado de tensão, permitindo assim a transmissão das vibrações sonoras para o martelo, o que não aconteceria caso a membrana fosse frouxa. O outro músculo se trata do estapédio ou músculo do estribo, que se insere no estribo.
Orelha Interna
Apenas uma parte da orelha interna pertence ao sistema auditivo: o caracol ou cóclea. A outra porção é o labirinto que corresponde ao sistema vestibular, com funções relacionadas ao equilíbrio.
Na orelha média vimos que o último osso da cadeia ossicular, o estribo, tem sua extremidade posterior unida a uma fina membrana, a janela oval. A janela oval é uma entrada para a orelha média, a qual possui o órgão da audição, a cóclea. A movimentação do estribo causa a movimentação da janela oval. Atrás da janela oval está a cóclea.
A cóclea é um sistema de tubos enrolados cheios de líquido e, além disso, está contida dentro de um compartimento ósseo, o labirinto ósseo. Ela consiste em três tubos enrolados lado a lado: a rampa do vestíbulo, a rampa média e a rampa do tímpano. A rampa do vestíbulo e a rampa média estão separadas pela membrana de Reissner (ou membrana vestibular), a rampa do tímpano e a rampa média, por sua vez, são separadas uma da outra pela membrana basilar. Na superfície da membrana basilar está o órgão de Corti, o qual está cheio de células eletromecanicamente sensíveis, as células ciliadas. Estas células geram impulsos nervosos em resposta às vibrações sonoras. Há uma membrana tectória sobre o órgão de Corti, a qual se apóia como se fosse um teto, sobre os cílios das células sensoriais.
Como ouvimos?
•Primeiramente, a orelha média capta o som e o encaminha até a membrana do tímpano. O som emitido por uma fonte é coletado pelo pavilhão auricular (orelha), encaminhado pelo canal auditivo externo e amplificado pelo mesmo até a membrana do tímpano, provocando a vibração desta.
•A orelha média transmite as vibrações sonoras através dos três ossículos até a orelha interna. A vibração da membrana timpânica pelas ondas sonoras faz com que ocorra a movimentação do martelo na mesma direção da vibração da membrana timpânica. Como o martelo é conectado a bigorna, ele promove a sua movimentação. A articulação da bigorna com o estribo faz com que esse desloque o liquido coclear, de acordo com a movimentação da membrana do tímpano. Por exemplo, quando o martelo movimenta-se para dentro, a bigorna transmite essa movimentação para o estribo, o qual tem sua extremidade posterior sobre a janela oval, e penetra por esta janela na cóclea. A cóclea é uma estrutura cheia de líquido, e o movimento do estribo para dentro dessa estrutura faz com que o líquido se movimente.
•A movimentação do estribo para dentro e para fora da janela oval, desloca o líquido presente dentro da cóclea na mesma direção. Na orelha interna as vibrações sonoras que chegam ao estribo penetram na cóclea através da janela oval. A extremidade posterior do estribo conecta-se a janela oval e sua movimentação para dentro faz com que o liquido se desloque para frente da rampa do vestíbulo e da rampa média. A movimentação do estribo para fora da janela oval, por sua vez, faz com que o liquido se desloque para trás.
•A membrana basilar é a responsável pela condução das vibrações sonoras da orelha média à orelha interna. Quando o pé do estribo se movimenta para dentro contra a janela oval, a janela redonda, situada logo abaixo da janela oval, precisa ficar abaulada porque a cóclea é delimitada por paredes ósseas. O efeito inicial de uma onda sonora que entra na janela oval é fazer com que a membrana basilar, na base da cóclea, curve-se na direção da janela redonda, iniciando uma onda de líquido que caminha ao longo da membrana basilar em direção as extremidades da cóclea.
•A vibração das células ciliadas causa a sua excitação e posterior estimulação das terminações nervosas. O órgão de Corti se situa na superfície da membrana basilar, assim as vibrações da membrana basilar fazem com que os cílios das células que compõem o órgão de Corti se movimentem de maneira que toquem a membrana tectória que estão acima deles (dos cílios). Desse modo, ocorre uma excitação das células ciliadas ocasionada por esta vibração da membrana basilar. Como as células ciliadas têm contato com uma rede de terminações nervosas da cóclea a excitação dessas células causa uma estimulação das terminações nervosas ali situadas. As terminações nervosas conduzem essa estimulação até o nervo coclear e depois para o sistema nervoso central.
•As células ciliadas são capazes de reconhecer estímulos mecânicos e conduzi-los ao nervo coclear sob a forma de estimulação elétrica. Os sinais gerados na orelha interna, quando se registram as vibrações sonoras, são então conduzidos pelo nervo coclear até a cavidade craniana, onde se encontra o cérebro. O nervo coclear transmite a vibração sonora sob a forma de estimulação elétrica causada pelas células ciliadas, conduzindo a estimulação até uma determinada área existente no cérebro, chamada de centro auditivo. Nessa região os estímulos elétricos levados pelo nervo coclear são interpretados e se elabora a percepção dos sons.
Testes Auditivos
Audiometria
A Audiometria é um exame capaz de avaliar os níveis de audição. Ele pode ser realizado por um médico otorrinolaringologista ou por um fonoaudiólogo. O mecanismo é simples: o paciente, situado no interior de uma espécie de cabine, é testado para sua audição. Do lado de fora, o médico ou o fonoaudiólogo conduz o teste com os seus devidos protocolos. O resultado, por fim, é mostrado num gráfico que revela as capacidades auditivas do paciente - um audiograma.
Exame de Emissões Otoacústicas
O Exame de Emissões Otoacústicas (EOA) é o conhecido "teste da orelinha". Esse exame é realizado no segundo ou terçeiro dia após o nascimento da criança. Ele é capaz de mensurar a atividade das células ciliadas - situadas no interior do ouvido médio - a partir de uma estimulação sonora. É um método relativamente simples, não invasivo e rápido.
Referências Bibliográficas
1. CINGOLANI, Horacio E.; HOUSSAY, Alberto B. (Autor). Fisiologia humana de Houssay. 7. ed. atual. e ampl. Porto Alegre Artmed, 2004 1124 p.
2. GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. . Tratado de Fisiologia Médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier 2006 1115 p.
3. KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Fisiologia. 6a edição. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2009. 844 p.
4. AIRES, Margarida de Mello. Fisiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991. 795 p.
Links Relacionados
1. Fisiologia da Audição. http://www.forl.org.br/pdf/seminarios/seminario_28.pdf
2. Fisiologia da Audição, Drauzio Varella - Entrevistas. http://www.drauziovarella.com.br/entrevistas/surdez1.asp
3. Orelha, Wikipédia, a enciclopédia livre. http://pt.wikipedia.org/wiki/Orelha
4. Audição, Wikipédia, a enciclopédia livre. http://pt.wikipedia.org/wiki/Audi%C3%A7%C3%A3o
5. Audição, Scribd. http://www.scribd.com/doc/2359616/Audicao
6. Audição, Brasil Escola. http://www.brasilescola.com/oscincosentidos/audicao.htm