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Autora: Aline Fachin Olivo

Colaboradoras:Andressa Iwanusk, Daniela Shimizu


Introdução

A dor de garganta é uma das queixas mais comuns da prática médica. Esse processo inflamatório atinge principalmente crianças entre os 4 e os 15 anos de idade, sobretudo nos primeiros anos escolares. À medida que a faixa etária aumenta, em direção à idade adulta, a freqüência de infecções diminui. Estas infecções são mais comuns também no inverno. As faringoamigdalites têm sido objeto de interesse na literatura médica a partir da constatação de que houve um aumento na sua freqüência e agravamento das complicações que pareciam controladas nos países desenvolvidos.


Descrição anatômica

Para entendermos melhor as faringoamigdalites é interessante sabermos as estruturas que afetam, bem como

FIG 1 FARINGAMIGDALITE-ANATO

Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000

suas funções e localização. Para isso vamos recorrer a anatomia. Ao abrirmos nossa boca em frente a um espelho é possível observarmos a faringe, as tonsilas (tonsilas faríngeas conhecidas como adenóides e tonsilas palatinas conhecidas como amígdalas), palato duro(conhecido como “céu da boca”), língua e úvula ( “sininho”). Nas faringoamigdalites, como o próprio nome já sugere, as estruturas anatômicas afetadas serão as tonsilas faríngeas (amígdalas) e a faringe. Ambas quando inflamadas apresentam como principal sintoma a dor de garganta. Como estão anatomicamente próximas, é muito comum a faringe e as amígdalas inflamarem simultaneamente.


Tonsila Faríngea (Adenóide)

É conhecida como adenóide e se localiza na nasofaringe. A tonsila faríngea desenvolve-se totalmente no sétimo mês de gestação e continua a crescer até o quinto ou sexto ano de vida. Devido à sua localização, adenóides aumentadas podem causar obstrução nasal proliferação de microorganismos , o que, por sua vez, tende a fazer aumentar ainda mais seu tamanho.


Tonsilas Palatinas (Amígdalas)

As amígdalas são tecidos semelhantes aos linfonodos que conferem proteção. Estão situadas entre o tubo digestivo e o respiratório e combatem os microorganismos que entram através do nariz e da boca. As tonsilas palatinas apresentam em sua superfície 10 a 30 invaginações bem desenvolvidas denominadas criptas; ao contrário da tonsila faríngea, que apresenta um pregueamento mucoso bem desenvolvido, mas com poucas criptas.


Faringe

A Faringe é um órgão indispensável para a circulação do ar e dos alimentos. É composta de três partes: nasal, oral e laríngea. A mucosa faríngea está exposta ao contato com microrganismos presentes nos alimentos ou suspensos no ar podendo ocasionar assim infecções.


Etiologia: Viral e bacteriana

As faringoamigdalites podem ter origem viral ou bacteriana. As mais comuns são as virais. A origem viral corresponde a 75% das faringoamigdalites agudas. Os agentes virais são comuns nos dois ou três primeiros anos de vida e menos freqüentes após a puberdade. Os vírus mais associados são os rinovírus (20%), coronavírus (5%), adenovírus (5%), herpes simples (4%), influenza (2%) e parainfluenza (2%), entre outros (coxsakie,citomegalovírus, Epstein-Barr vírus, HIV). O paciente com faringoamigdalite viral apresenta sintomas de leve intensidade. Os principais são dor de garganta e disfagia(dificuldade de engolir). A maioria dos pacientes irá apresentar mialgia(dor muscular) e febre baixa, associadas a coriza e espirros. O exame físico mostra coloração avermelhada da mucosa faríngea. As tonsilas podem estar aumentadas, mas freqüentemente não há exsudato (pus). As faringoamigdalites bacterianas correspondem a 20 a 40% dos casos. O Streptococcus pyogenes é responsável por cerca de 20 a 30% das faringoamigdalites agudas em crianças em idade escolar e adolescentes. Mycoplasma pneumoniae pode também ser causa de faringite na população entre 9 e 19 anos. Outras bactérias como Staphylococcus aureus, Haemophilus sp e Moraxella catarrhalis, são responsáveis por recaídas de infecções estreptocócicas .

Sintomas

Os principais sintomas das faringoamigadalites são:

FIG 2 FARINGAMIGDALITE-VIRAL

FONTE:http://www.publisaude.com.br/portal/artigos/artigos-medicos/dor-de-garganta/faringite/amigdalite.html

-Dor de garganta

-Febre

-Dores pelo corpo

-Dor de cabeça

-Prostração

Nas faringomigdalites virais há outros sinais ,não restritos as amígdalas e à faringe, comuns de infecções das vias respiratórias, como espirros tosse, constipação nasal, conjuntivite e rouquidão.Outro detalhe importante é que nas infecções virais apesar da garganta ficar muito inflamada, não é comum haver pus.

Já as amigdalites causadas por bactérias, além de não apresentarem os sintomas respiratórios, costumam causar pontos de pus nas amígdalas e aumento dos linfonodos (gânglios) do pescoço.

FIG 3 FARINGAMIGDALITE-BACTER

FONTE: http://www.publisaude.com.br/portal/artigos/artigos-medicos/dor-de-garganta/faringite/amigdalite.html

A faringite bacteriana também pode causar edema da úvula e petéquias (pontos hemorrágicos) no palato.Já em relação a febre, na infecção bacteriana ela costuma ser mais alta que na viral, porém isso pode variar, não sendo regra portanto.

FIG 4 FARINGAMIGDALITE-PETEQUIAS

http://www.publisaude.com.br/portal/artigos/artigos-medicos/dor-de-garganta/faringite/amigdalite.html





Presença de pus e gânglios aumentados na região do pescoço é indicativa de uma faringite bacteriana. Entretanto, algumas infecções virais, como a mononucleose infecciosa também podem apresentar esses sintomas.


Diagnóstico

O modo mais correto é através da coleta de material da garganta por swab ( uma vareta com algodão na ponta usada para colher material da área inflamada para que possa ser avaliada em um laboratório) .A análise do material colhido pelo swab consegue identificar o agente infeccioso, seja uma bactéria ou um vírus.

Um fator que prejudica esse procedimento é que a identificação do agente demora pelo menos 48-72h. Por isso, muitas vezes os médicos optam por iniciar o tratamento baseado em achados clínicos.


Tratamento

O tratamento específico das faringoamigdalites depende basicamente da idade, condições gerais de saúde e antecedentes médicos, extensão da infecção, tipo de infecção, tolerância do paciente para medicamentos, internações e procedimentos, evolução das inflamações e infecções e parecer do paciente e/ou da família .

A etiologia da infecção (viral ou bacteriana) vai indicar se o uso de antibióticos é necessária ou não. O tratamento das infecções virais não é específico e consiste em terapias de suporte com medicações analgésicas e antiinflamatórias, repouso no período febril, estimular ingestão de líquidos não ácidos e não gaseificados e de alimentos pastosos, de preferência frios ou gelados, irrigação da faringe com solução salina isotônica morna.Antibióticos são utilizados somente no caso de infecções bacterianas.

Os tratamentos podem ser clínicos (com medicamentos) ou cirúrgicos dependendo da causa, extensão, repetição ou severidade dos quadros.


Complicações

Se não tratada adequadamente as faringoamigdalites causadas por estreptococos (bactéria) pode causar complicações como:

Escarlatina: decorre da produção de endotoxinas. Manifestações incluem rash cutâneo finamente papular e eritematoso.

Febre reumática (FR)- dor e inchaço de articulações, cardite( inflamação das estruturas cardíacas),fraqueza muscular e movimentos involuntários e incoordenados.

Glomerulonefrite- Inflamação do glomérulo, unidade funcional do rim formada por um emaranhado de capilares, onde ocorrem a filtragem do sangue e a formação da urina.

Síndrome do choque tóxico estreptocóccico- Ocorre após infecção ou colonização estreptocóccica de qualquer lugar. Compreende hipotensão associada a: insuficiência renal, coagulopatia, anormalidades de função hepática, síndrome da angústia respiratória do adulto, necrose tecidual extensa e rash eritemato-macular.



Referências Biliográficas

  • MOORE, K.L. Anatomia orientada para clínica. Guanabara Koogan.5 ed., 2006
  • MURRAY, P.R. e cols. Microbiologia Médica. 5ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
  • ARAUJO FILHO, Bernardo Cunha; IMAMURA, Rui; SENNES, Luiz Ubirajara and SAKAE, Flávio Akira. Papel do teste de detecção rápida do antígeno do estreptococcus pyogenes do grupo a em pacientes com faringoamigdalites. 'Rev. Bras. Otorrinolaringol. 2005, vol.71, n.2 , pp. 168-171
  • PITREZ ,P.M.C José L.B. PITREZ, J.L.B . Infecções agudas das vias aéreas superiores - diagnóstico e tratamento ambulatorial. Jornal de Pediatria - Vol.79, Supl.1 , 2003
  • IAZZETTI, A.V. Infecções das vias aéreas superiores.
  • Publicado em: http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=3473
  • RODRÍGUEZ, R.S. Infecções respiratórias agudas das vias respiratórias superiores
  • Publicado em: http://amro.who.int/Portuguese/AD/DPC/CD/aiepi-1-10.pdf
  • Links Relacionados

    http://www.pediatriasaopaulo.usp.br/upload/pdf/375.pdf

    http://www.publisaude.com.br/portal/artigos/artigos-medicos/dor-de-garganta/faringite/amigdalite.html

    http://www.forl.org.br/pdf/seminarios/seminario_24.pdf

    http://www.medicina.ufba.br/educacao_medica/graduacao/dep_pediatria/manual/manual.pdf#page=74

    http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?161




    --AlineOlivo 21h59min de 1 de dezembro de 2011 (UTC)

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