Editor: Guilherme Picinin Navarini.
Colaboradores: Janaira Lunkes, Karol Prado e Camila Hasse.
O que é psoríase?
A psoríase é uma doença que causa inflamação na pele. É caracterizada por ser crônica e geralmente acarreta o surgimento de recidivas. É uma enfermidade que tem tendência a piora. Sua etiologia não é conhecida. Não é doença transmissível. Ela é desencadeada por vários fatores, tanto genéticos como ambientais. Um dos problemas trazidos por ela é o grande constrangimento para os pacientes em função das lesões características. Não é uma doença rara e acomete uma significativa parcela da população mundial.
Quais são os sintomas e sinais?
O principal sintoma é o aparecimento de lesões características. As lesões são na forma de uma placa eritemato-escamosa, saliente em relação à pele não afetada. As escamas apresentam cor vermelha, são destacadas facilmente e apresentam-se superpostas. Dependendo do tamanho são chamadas gutata (em forma de gota) ou numular (em forma de moeda). Além disso, podem formar figuras que se enroscam várias vezes quando confluem e também podem branquear na região central.
Um questionário realizado por Farber e Nall (1974), nos EUA, mostrou que 36% dos pacientes tinham um ou mais membros da família com essa doença; sendo que as regiões mais atingidas foram o couro cabeludo, o tronco, os cotovelos, e as extremidades superiores, a face é o local menos atingido. As unhas das mãos foram afetadas em 50% e dos pés 35%.
Dependendo da área atingida e das características das lesões, a psoríase pode ser dividida em:
• Invertida: Lesões que possuem mais umidade, com localização em áreas de dobras como joelhos e couro cabeludo.
• Vulgar: Apresenta-se com lesões de variados tamanhos, de aspecto delimitado e de cor vermelha, com escamas secas, aderentes, de cor prata ou cinza que surgem no couro cabeludo cotovelos e joelhos.
• Gutata: Lesões de pequeno tamanho, em forma de gotas, frequentemente associadas a processos infecciosos. Ocorrem no tronco, braços e coxas, acometem mais crianças e adultos jovens.
• Eritrodérmica: Ocorre descamação universal, em 75% ou mais do corpo;
• Artropática: Quando há acometimento articular. Surge inesperadamente, há dor nas pontas dos dedos ou em grandes articulações.
• Ungueal: Depressões puntiformes ou manchas de cor amarela nas unhas das mãos.
• Postulosa: Lesões pruriginosas nas mãos e nos pés ou ainda por todo o corpo.
• Palmo-plantar: Fissuras nas palmas das mãos e solas dos pés.
Quais são as causas da psoríase?
As causas da psoríase ainda não são completamente conhecidas, mas estima-se que tenha causa multifatorial e ocorra por causa de defeitos genéticos, pela influência do ambiente e por fatores psicossociais.
Um dos principais fatores para o desenvolvimento e piora da psoríase é o stress. Nos dias atuais, esse é um fator presente na vida de quase todas as pessoas. Segundo Atkinson, Atkinson, Smith, Bem e Hoeksema (1995) stress é “um estado que ocorre quando a pessoa se depara com eventos que colocam em perigo seu bem-estar físico ou psicológico”. Tentar se acostumar com o fator estressor pode esgotar os recursos do corpo e torná-lo mais vulnerável à doença.
As células que originam a pele tem relação estreita com as células nervosas e observa-se que muitas doenças da pele são associadas com o estado emocional dos pacientes. Uma das formas do paciente demonstrar insatisfação ou desconforto é através da liberação não intencional da emoção em algum órgão do corpo, fenômeno conhecido como somatização.
Os pacientes que possuem psoríase relatam possuir stress: 37% a 88% acreditam que o stress seja um fator para manifestação da doença e 66% referem piora em épocas estressantes.
As infecções também podem originar ou piorar o quadro da psoríase. Isso ocorre em 15 a 76% dos casos. O aparecimento de psoríase gutata geralmente ocorre de 7 a 15 dias depois de uma infecção pela bactéria do gênero estreptococcus, na forma aguda. Acredita-se que algumas proteínas bacterianas possam interagir com a queratina e participar da gênese da doença.
A hereditariedade também possui uma grande influência no desenvolvimento da psoríase. Um terço do pacientes refere que possui pelo menos um familiar que também tem a doença. Muitos estudos corroboram esse conceito, por observar o desenvolvimento em gêmeos monozigóticos (55 a 70%) e dizigóticos (15 a 20%)
O uso de algumas drogas pode também provocar ou piorar o quadro, alguns dos medicamento são: lítio, beta-bloqueadores, alguns antiinflamatórios, antimaláricos, entre outros.
Como se diagnostica?
É preciso que o diagnóstico seja feito precocemente, pois, o quadro pode ser diagnosticado erroneamente, uma vez que outras doenças também podem apresentar lesões parecidas. Porém, com o decorrer da doença a lesão descamativa é fácil de ser reconhecida, não necessitando de exames laboratoriais, mas uma biópsia pode ser feita para afirmar as suspeitas do médico.
Qual é o tratamento?
Estudos revelaram que em 80% dos pacientes a doença pareceu melhorar com o sol. Pomadas emolientes ajudam a manter a pele hidratada. Também podem ser usadas pomadas com corticoides, vitamina D, ácido salicílico, que são eficazes em alguns pacientes. Em um estudo realizado por Nijestem et al (2005), o tratamento que melhor foi aceito pelos pacientes foi o uso de methotrexate, psorallen mais a exposição à ultravioleta A, cyclosporin e acetretin.
É importante também o controle do stress e técnicas cognitivas. Tais técnicas contribuem para uma adaptação à doença e ajudam o paciente a desenvolver técnicas de enfrentamento e, desse modo, melhoram a qualidade de vida.
Quem é mais afetado pela psoríase?
Cerca de 2 a 4% da população branca mundial, negros são menos afetados. Ela pode surgir em qualquer faixa etária, principalmente entre os 20 e 30 anos e entre os 50 e 60 anos. 75% dos pacientes desenvolvem a doença antes dos 40 anos. Em um estudo norte-americano 10% dos pacientes apresentaram as primeiras lesões antes dos 10 anos, 35% antes dos 20 anos e 58% antes dos 30 anos de idade.
Quais são os impactos da psoríase na vida do paciente?
Além dos impactos físicos que a psoríase pode trazer, como as lesões e os transtornos trazidos por essas, há
também o impacto psicossocial. Segundo estudos recentes há problemas como baixa auto-estima, isolamento social e rejeição. Isso muitas vezes ocorre por insatisfação quanto à aparência. Um pensamento errôneo que
ocorre também é associar essa doença a uma doença transmissível. Isso acontece por causa de alguns pré-conceitos que as pessoas trazem em sua bagagem cultural. Pois lesões na pele nos remetem a doenças como hanseníase entre outras que possuem potencial de transmissibilidade. Por isso muitos pacientes sofrem de segregação por parte de outras pessoas.
Referencias:
• CARNEIRO, Sueli Coelho da Silva. Psoríase: mecanismos de doença e implicações terapêuticas. Disponível em URL:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/livredocencia/5/tde-16032009-152131/pt-br.php. Acessado 17 nove 2012.
• MINGORANCE, Regina C.; R. LOUREIRO, Sonia; OKINO, Liyoko; & T. FOSS, Norma. Pacientes com psoríase: Adaptação psicossocial e características de personalidade. Disponível em URL:
http://www.fmrp.usp.br/revista/2001/vol34n3e4/pacientes_com_psoriase.pdf. Acessado 17 nove 2012.
• OLIVEIRA, Ércio; SANVITTO, Gilberto; GUZ, Pedro; ZELMANOWICZ Rolf Udo. PSORÍASE. Disponível em URL:
http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?353, acessado 17 nove 2012.
• DE SOUSA SILVAI, Kênia; TORREZAN DA SILVAII, Eliana Aparecida. Psoríase e sua relação com aspectos psicológicos, stress e eventos da vida. Disponível em URL:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2007000200012, acessado 17 nove 2012.
Links relacionados:
• Psoríase: http://drauziovarella.com.br/doencas-e-sintomas/psoriase/,
• Vídeo Mitos sobre a Psoríase:
http://www.youtube.com/watch?v=SZjOJhjGUCE.
• Site psoríase Brasil: http://www.psoriase.org.br/
• Psoríase: http://www.brasilescola.com/doencas/psoriase.htm
• Associação Nacional de Portadores de psoríase: http://www.psorisul.org.br/
• Imunopatogênese da psoríase: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0365-05962011000600014&lang=pt&tlng=