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Autora: Caroline Costa Giocondo

Colaboradores: Marina Pedral, Roberta Penteado e Thiago Botelho.

Introdução

A intolerância a lactose ocorre devido à inabilidade para digerir o açúcar proveniente dos produtos lácteos. O açúcar lácteo, mais conhecido como lactose, é uma importante fonte de energia na dieta humana. A enzima lactase é a responsável em hidrolisar esse açúcar em seus principais constituintes, a glicose e a galactose.

Na grande m

Figura1Criançacopo

Fonte: http://www.portalxp.net/o-que-e-intolerancia-a-lactose/

aioria dos mamíferos a atividade da enzima lactase diminui após o desmame, o que pode desencadear sintomas de intolerância a lactose. Devido a essa perda da atividade da enzima lactase, a lactose deixa de ser absorvida completamente na mucosa intestinal, resultando em sintomas desagradáveis devido à má digestão desse açúcar.

Epidemiologia

A intolerância a lactose é o tipo mais comum de intolerância a carboidratos e acomete cerca de 70% da população adulta mundial. A prevalência da intolerância a lactose primária ou ontogenética difere-se nas populações, na raça e nos países. Nos Estados Unidos encontrou-se uma prevalência de 25% das pessoas com deficiência da enzima lactase. Já na população do Norte da Europa a prevalência é baixa, sendo em média de 1-3%. Na Ásia atinge 60 a 100% dos indivíduos e na América Latina oscila entre 45 e 94%. Nos brasileiros a incidência varia entre 46 a 67% ocorrendo grandes variações quando se leva em conta o aspecto etnia.

Uma das maiores prevalência a intolerância a lactose foi encontrada nos nativos americanos e nos aborígenes da Austrália e Oceania.

Fisiopatologia

Figura2Reações

Fonte: http://gastropedinutri.blogspot.com/

A enzima lactase quebra o dissacarídeo lactose em glicose e galactose que serão absorvidas na mucosa do intestino. Essa enzima localiza-se na borda em escova das vilosidades do epitélio intestinal. Quando a lactose não é hidrolisada pela enzima lactase, deixa de ser absorvida nas vilosidades do intestino delgado e transita rapidamente para o intestino grosso, onde é fermentada anaerobicamente pelas bactérias intestinais. No cólon produz ácidos orgânicos de cadeia curta (acético, propiônico, butírico e láctico) e gases como hidrogênio, metano e dióxido de carbono. A maioria desses ácidos e gases é absorvida no cólon, mas o excedente não absorvido será o responsável pelo aparecimento dos principais sintomas de intolerância.

A intolerância a lactose pode ser classificada em três tipos: intolerância primária ou ontogenética, intolerância secundária e deficiência congênita da enzima.

  • Intolerância Primária ou Ontogenética: Caracterizada como o tipo de intolerância que mais ocorre na população. A atividade fisiológica da enzima lactase vai diminuindo com o passar dos anos, dessa forma esse tipo de intolerância se manifesta, na grande maioria dos casos, na puberdade e adolescência tardia. A diminuição da lactase intestinal é determinada por um gene autossômico recessivo. A sua deficiência não deve ser considerada como uma doença, mas sim como um processo fisiológico normal do nosso organismo.
  • Figura3Copo

    Fonte: http://www.defolga.com/

    Intolerânci
    a Secundária: Caracteriza-se pela ocorrência de um dano na mucosa intestinal ou na redução da sua superfície de absorção. Essa intolerância depende da doença subjacente que o paciente possui sendo considerada transitória. As causas mais freqüentes são: doença celíaca, doença de Crohn, colite ulcerativa, diarréia infecciosa, síndrome do cólon irritável, uso prolongado de antibióticos, dentre outros.
  • Deficiência congênita: Ocorre deficiência da enzima lactase, sendo que o intestino da criança não a produz. Essa deficiência é considerada rara e é refletida na primeira semana de vida.



Manifestações Clínicas

Os sintomas típicos dessa síndrome ocorrem devido à falta da digestão da lactose. Essa lactose acaba permanecendo no intestino sendo fermentada por bactérias que produzem ácido láctico e gases. Com a presença desses compostos e da lactose não digerida no intestino grosso, ocorre o aumento da retenção de água no intestino levando a diarréias ácidas e gasosas, flatulência excessiva, cólicas, náuseas e sensação de inchaço no abdômen.

A gravidade dos sintomas geralmente está associada com a quantidade de lactose ingerida e com o grau de intolerância de cada indivíduo.

O tempo do aparecimento dos sintomas pode levar minutos ou horas pra se manifestar podendo ser influenciado pela peristalte do intestino.

Figura4Sintomas

Fonte: http://www.istoe.com.br/

Os sintomas da Síndrome do Intestino Irritável e da Intolerância a Lactose são extremamente parecidos, sendo que as duas síndromes podem ocorrer ao mesmo tempo. Pacientes com intolerância a lactose que não adquiriram melhora com a restrição de lactose da dieta, deve ser levantada a hipótese de Síndrome do Intestino Irritável.




Diagnóstico

Existem alguns testes que são realizados para detectar a ocorrência da intolerância a lactose nos indivíduos. São eles:

  • Teste de Tolerância a Lactose (Curva Glicêmica) - O paciente para realizar esse teste deve ingerir em jejum um líquido com dose concentrada de lactose e no decorrer de duas horas irão ser coletadas várias amostras de sangue para medir o nível de glicose. Isso irá refletir o grau da digestão da lactose presente no organismo. Se a lactose não for hidrolisada em galactose e glicose, o nível de glicose não se alterará e, conseqüentemente o diagnóstico de intolerância será confirmado.
  • Hidrogênio Exalado: Esse teste mede a quantidade de hidrogênio exalado, que em situações normais são pequenas. As bactérias do intestino grosso fermentam a lactose não hidrolisada produzindo gases, sendo o hidrogênio um deles. Dessa forma, o hidrogênio será absorvido, e ao chegar aos pulmões será exalado É considerado um método indireto, porém de alta especificidade e sensibilidade.
  • Teste de acidez ou Deposição de Ácidos- Devido aos compostos ácido graxo e ácido lático formados pelas fermentação da lactose pelas bactérias do intestino, a presença dos mesmos nas fezes do indivíduo acusa intolerância a lactose
  • Exame Genético- Trata-se de um exame novo que tende a ser a melhor forma de diagnóstico para intolerância a lactose. Nesse exame o paciente retira uma pequena amostra de sangue e seu DNA será estudado para a verificação de alguma mutação em relação a produção da enzima lactase.

Tratamento

Figura5Lactase

Fonte: http://todaoferta.uol.com.br/

Não há tratamento para aumentar a capacidade de produzir lactase, mas os sintomas podem ser atenuados através da diminuição do consumo de produtos lácteos. A base de todo o tratamento encontra-se no controle da dieta e na mudança de hábitos alimentares.

A substituição de leite e seus derivados por alimentos que não possuem lactose tem sido a melhor alternativa para amenizar os sintomas. Já é possível encontrar nos mercados inúmeros alimentos com baixo teor de lactose ou até mesmo com ausência total da mesma.

Algumas medidas farmacológicas estão sendo utilizadas para a redução dos sintomas. A mais utilizada é a terapia de reposição enzimática com lactase exógena, obtida através de leveduras ou fungos. Essas lactases estão disponíveis comercialmente em forma líquida ou em cápsulas e tabletes. A enzima proporciona uma melhora na digestão de laticínios, mas não é capaz de quebrar completamente toda a lactose da dieta possuindo resultados variáveis em cada paciente.


Intolerância a lactose x Alergia a proteína do leite

A alergia a proteína do leite e intolerância a lactose são conceitos distintos, porém causam confusão na maioria das pessoas.

A lactose por ser um açúcar não apresenta alergenicidade, porém não existe alergia a lactose. Já as proteínas do leite podem causar alergia, podendo ser causada por predisposição genética ou por introdução de alimentos alergênicos antes dos seis meses de vida. Dessa forma a sua prevalência é maior durante a infância.

A alergia é causada em crianças devido à existência de proteínas que não ocorrem no leite materno e que são introduzidas na alimentação da criança.

O uso exclusivo do leite materno até os seis meses de vida reduz a chance da criança em desenvolver alergia ao leite de vaca durante os primeiros 18 meses de vida.


Cuidado nutricional na Intolerância a Lactose

Figura6Bebê

Fonte: http://www.mrfilmagens.com.br/

A intolerância a lactose é um assunto que vem sendo muito explorado pela mídia, sendo que nos dias atuais, grande parte da população relata possuir intolerância ao açúcar do leite antes mesmo de fazer os testes que constatam a ausência ou não da Síndrome.

Deve-se tomar cuidado com a total exclusão da lactose da dieta. Essa atitude radical pode acarretar em um déficit nutricional de cálcio, fósforo e vitaminas, podendo estar associada com a diminuição da densidade óssea e fraturas. Cerca de 70% do cálcio da alimentação é proveniente do leite e seus derivados. Assim recomenda-se, pelo menos, a ingestão de alguns produtos lácteos de acordo com o limiar sintomático apresentado pelo paciente.

A lactose também possui extrema importância por aumentar a produção de leite materno durante a gestação, sendo fundamental seu papel durante a fase de aleitamento.



Referências Bibliográficas

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Links Relacionados

http://www.semlactose.com/index.php/2009/05/07/intolerancia-ao-leite-ou-intolerancia-a-lactose/

http://www.imebi.com.br/alergia_e_intolerancia_lactose.php

http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?269

http://www.semlactose.com/index.php/sobre-intolerancia-lactose/

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/88lactose.html

http://www.americavitaminas.com/catalogo/detalhes.php?id=578&id_sub=548

http://nutricy.com/alergia-e-intolerancia-ao-leite-de-vaca/

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