Autor: Alisson Hideto Hachiya
Colaboradores: Alexandre Lachi Gonçalves, Fábio Casagrande do Nascimento e Gabriela Morato Ferreira
Introdução
A vesícula biliar é um órgão que se situa juntamente ao fígado, cuja função é armazenar a bile, produzida no
fígado, que vai ser liberada depois das refeições para ajudar na digestão de gorduras. Entre as refeições, a parede da vesícula absorve a parte líquida da bile fazendo com que esta se torne mais concentrada. Esse é o processo da formação da litíase biliar, também conhecida como cálculo biliar ou “pedra na vesícula”.
Definição
A litíase biliar é um depósito de cristais no interior da vesícula biliar ou nas vias biliares. Quando os cálculos biliares se localizam na vesícula biliar é chamado de colelitíase e, por outro lado, quando se localizam nas vias biliares é chamado de coledocolitíase.
Epidemiologia
Nos Estados Unidos, cerca de 30 milhões de pessoas têm litíase biliar. Em pessoas com idade entre 30 e 65 anos, na Europa, essa frequência é de 18,8% nas mulheres e de 9,5% nos homens. Já na população ocidental, 10 a 15% da população tem essa situação patológica sendo que cerda de 90% são cálculos de colesterol. Os cálculos são mais comuns em mulheres e em grupos de indivíduos como, por exemplo, os nativos americanos.
Tipos de cálculos biliares
Há 3 tipos de cálculos biliares:
• Cálculo de colesterol
• Cálculo de bilirrubinato de cálcio
• Cálculo marrom
O cálculo de colesterol é a composição da maioria dos cálculos, tendo também o cálcio como componente.
O cálculo de bilirrubinato de cálcio, também chamado de cálculo preto, é o segundo cálculo mais comum, sendo encontrado geralmente em pessoas com destruição das hemácias.
O cálculo de cor marrom ocorre em cerca de 5% dos cálculos e, ao contrário dos outros, não é formado na vesícula biliar.
Formação do cálculo biliar
A formação dos cálculos na vesícula tem como marco uma falha na manutenção do equilíbrio dos componentes da bile. Normalmente a capacidade da vesícula biliar é de 40 a 50 ml, sendo que 600 ml de bile são produzidos por dia. A vesícula tem a capacidade de absorver água e eletrólitos concentrando a bile, por isso só consegue armazenar essa quantidade. Essa concentração pode interferir na solubilidade do colesterol e cálcio, que são componentes dos cálculos biliares. O aumento da concentração de colesterol e cálcio leva ao cálculo biliar.
Fatores de risco
Todas as pessoas podem desenvolver os cálculos biliares, mas existem fatores que aumentam essa chance ao alterar a composição da bile, são eles:
• Obesidade
• Dieta rica em gorduras e carboidratos e pobre em fibras
• Falta de exercício
• Hipertensão arterial (pressão alta)
• Tabagismo
• Perda rápida de peso
• Períodos longos de jejum
• Uso de hormônios e contraceptivos
• Idade acima de 40 anos
• Sexo feminino
• Litíase em familiares
• Gravidez
• Diabetes
• Anemia hemolítica: destruição das células vermelhas (hemácias)
• Cirrose do fígado
Sintomas
Aproximadamente 70 a 80% das pessoas com litíase biliar permanece sem sintomas por toda a vida. É comum os cálculos biliares saírem da vesícula e se depositarem nas vias biliares, podendo circular e atingir o intestino delgado sem qualquer eventualidade. Quando os cálculos biliares causam obstrução parcial ou temporária de um
ducto biliar, o indivíduo apresenta dor. Isso ocorre porque eleva a pressão dentro da vesícula e ocorre distensão. Quando há sintomas ele aparece por meio da cólica biliar que ocorre no momento em que o cálculo fica preso na saída da vesícula biliar, infundíbulo ou ducto cístico. A cólica biliar é uma dor aguda e contínua, localizada na topografia da vesícula biliar ou acima do umbigo, podendo irradiar para a escápula direita. Na maioria das vezes, a dor aparece depois de refeições gordurosas e refeições após jejum prolongado. Sua duração é normalmente de 1 a 5 horas, mas em casos em que essa dor persistir por mais de um dia deve ser pensado a possibilidade de ser colecistite ou inflamação aguda. A cólica biliar pode se repetir em intervalos de dias ou meses. Outros sintomas que podem acompanhar cada ocorrência de cólica biliar são as náuseas e vômitos. Em casos em que há inflamação dos canais ou da vesícula biliar, pode ocorrer febre. Se a febre for muito alta e acompanhada de calafrios, pode indicar colangite.
Complicações
Além da cólica biliar, a pessoa com cálculo biliar pode ter outras complicações, dentre eles:
• Colecistite aguda: é a inflamação aguda da vesícula, ocorre quando o cálculo fica preso na saída da vesícula.
• Coledocolitíase: ocorre quando o cálculo obstrui o canal (colédoco) que vai da vesícula até o intestino. Nesses casos, o paciente apresenta icterícia. A icterícia (amarelão) é devido a bile ficar “parada” na vesícula e a bilirrubina (pigmento amarelado presente na bile) vai sendo absorvida e passa para o sangue.
• Colangite: é a infecção dos canais biliares por bactérias devido a bile que fica estagnada por causa da obstrução.
• Pancreatite: é a inflamação do pâncreas causada pelo suco pancreático que agride o próprio pâncreas em casos de obstrução dos ductos pelo cálculo.
Diagnóstico
A história da litíase biliar é bem característica e ajuda na orientação do médico para definir o diagnóstico. O
melhor método para diagnosticar a presença de cálculos na vesícula biliar é a ultrassonografia, que ajuda a visualizar os sistemas biliares intra e extra-hepáticos, além da visualização do pâncreas e do fígado. Estudos que utilizaram a ultrassonografia demonstraram aumento na prevalência da litíase biliar em pacientes submetidos a transplante de órgãos. A colecistografia é eficaz no diagnóstico, sendo uma radiografia que mostra o trajeto de um contraste conforme vai sendo deglutido, absorvido no intestino, secretado na bile e armazenado na vesícula biliar. Em 98% dos casos são identificado os cálculos biliares na vesícula quando é usado em conjunto a ultrassonografia e a colecistografia.
Tratamento
Nos indivíduos assintomáticos, a retirada cirúrgica da vesícula (colecistectomia) não é indicada, exceto em casos que o cálculo é maior que 3 cm, está associado a pólipos, microesferocitose, anomalia congênita da vesícula. Nos indivíduos com dores intermitentes pode indicar a redução da ingestão de alimentos gordurosos. Em algumas condições em que o cálculo é constituído apenas por colesterol, pode ser feito o uso de medicamentos que o diluem. Entretanto, o cálculo pode voltar já que a vesícula continua presente. O tratamento mais comum em indivíduos que apresentam cólica biliar é a colecistectomia. Esta pode ser feita por via clássica ou via laparoscópica, senda que esta última a mais recomendada já que tem uma recuperação mais fácil e é menos dolorosa.
Referências Bibliográficas:
1) ANDRADE, João Rebelo de. A “pedra” na vesícula. Disponível em:< http://www.hospitaldaarrabida.pt/upload/5/fckeditor_files/file/HLuz_CGeral_trab_pedra_vesicula_iess.pdf> Acesso em 20 de novembro de 2012.
2) BÜRGUER, Dênis; JÚNIOR, Divino Martins. Doença biliar calculosa. Revista Ciência em Curso. V.3,n.3. Abril/junh.2008.
3) Cálculo biliar. Disponível em: <http://assuntodesaude.blogspot.com.br/2010/12/hoje-tive-algumas-dores-incomuns-e-por.html> Acesso em 14 de novembro de 2012.
4) Cálculos biliares. Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/calculos-biliares/> Acesso em: 14 de novembro de 2012.
5) COELHO, Júlio Cesar Uili; CONTIERE, Fabiana Loss de; MATIA, Jorge Eduardo Fouto; PAROLIN, Mônica Beatriz; GODOY, Jose Luiz de. Prevalência e fisiopatologia da litíase biliar em pacientes submetidos a transplante de órgãos. ABCD, arq. Brás.cir.dig.vol.22 no.2 São Paulo Abr/Junh.2009
6) DAVIDE, José. Litíase biliar. 2009. Disponível em: <http://www.alert-online.com/br/medical-guide/litiase-biliar> Acesso em: 17 de novembro de 2012.
7) KUMAR,V; ABBAS,A. K; FAUSTO,N. Robbins & Cotran. Patologia: Bases Patológicas das Doença. 8ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier.
8) Litíase biliar. Disponível em: <http://saude.sapo.pt/saude-medicina/medicacao-doencas/doencas/litiase-biliar.html> Acesso em 17 de novembro de 2012.
9) Pedra na vesícula – Colelitíase | Sintomas, diagnóstico e tratamento. Disponível em: <http://medfoco.com.br/pedra-na-vesicula-colelitiase-sintomas-diagnostico-tratamento/> Acesso em 14 de novembro de 2012.
10) Tudo sobre cálculo biliar. Disponível em: < http://www.saudecominteligencia.com.br/calculobiliar.htm> Acesso em: 14 de novembro de 2012.
Links relacionados:
1) Litíase vesicular assintomática. Operar ou não operar? http://www.sgsp.org.br/arquivos/revista_gastro/vol_1_2011/revista-gastro_vol1_n2_2011.pdf
2) Fatores antropométricos, bioquímicos e dietéticos envolvidos na litíase biliar. http://www.dominioprovisorio.net.br/pesquisa/revista/2008Vol19_3art07fatoresantro.pdf
3) Prevalência e fisiopatologia da litíase biliar em pacientes submetidos a transplantes de órgãos. http://www.scielo.br/pdf/abcd/v22n2/11.pdf
4) Litíase biliar assintomática em mulheres: aspectos epidemiológicos e clínicos. http://www.academicoo.com/artigo/litiase-vesicular-assintomatica-em-mulheres-aspectos-epidemiologicos-e-clinicos
5) Litíase biliar (cálculos na vesícula). http://www.educare.pt/educare/Opiniao.Artigo.aspx?contentid=7803CEABCA673686E0400A0AB8002553&opsel=2&channelid=0
6) Prevalência ultra-sonográfica de litíase biliar em pacientes ambulatoriais. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-69912005000100011&script=sci_arttext
7) Correlação entre hipomotilidade da vesícula biliar e desenvolvimento de colecistolitíase após operação bariátrica. http://www.jsnutricionista.com/imagens/Colecistolit%C3%ADase%20ap%C3%B3s%20opera%C3%A7%C3%A3o%20bari%C3%A1trica.pdf
8) Colecistectomia: Aspectos técnicos e indicações para o tratamento da litíase biliar e das neoplasias. http://www.fmrp.usp.br/cg/novo/images/pdf/conteudo_disciplinas/litiasebiliar.pdf